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Como cuidar da saúde das emoções no ambiente de trabalho

A saúde emocional inclui a gestão dos sentimentos, comportamentos e reações cotidianas, abrangendo o estado de ânimo do indivíduo e sua habilidade em lidar com as flutuações de humor

Heloísa Capelas – mentora de líderes

Não há como negar, infelizmente os transtornos mentais relacionados ao ambiente profissional são a terceira maior causa de afastamento do trabalho. Burnout, depressão, tentativa e pensamento suicida, são alguns dos casos mais comuns dentro das empresas. Diante à crise sanitária recentemente atravessada em todo mundo, difícil é encontrar alguém que por um momento não se sentiu inseguro, ansioso ou com medo extremos, seja no trabalho, na vida pessoal ou, na maioria das vezes, nos dois.

A saúde das emoções envolve a administração dos sentimentos, comportamentos e reações no dia a dia, incluindo o estado de espírito da pessoa e seu controle na variação de humor. Uma boa gestão dos pensamentos e das emoções é essencial para a transformar o olhar que temos para a vida, assim como a visão de um líder à frente de uma equipe desmotivada e improdutiva.

O autoconhecimento é, sem dúvida, um dos processos mais eficazes para diminuir os casos de depressão, Burnout e também as taxas de suicídio dentro e fora do ambiente corporativo e social. Essa importante ferramenta possibilita ao ser humano atravessar um dos processos mais profundos de resgate sobre si mesmo e do que se espera para o próprio futuro. Conhecer como, de que forma, em que momento você se transformou nessa pessoa com pensamentos negativos é o primeiro passo para sair do abismo em que se encontra, dar passos importantes, mudar e se precisar, pedir ajuda.

Saber da própria história para entender como fomos construídos desde a infância e identificar quais são os gatilhos que nos fazem voltar a dor infantil, levando-nos a comportamentos imaturos, medo e insegurança – é essencial para reconhecer o que nos move e o que nos provoca a trazer para fora o que está sendo reprimido e desqualificado pelo nosso próprio eu interior. Neste contexto, esses gatilhos aparecem e buscam dentro da pessoa aquilo que não está organizado, o que não está curado, atormentando-a e tirando a pessoa do centro, da paz e do equilíbrio. Essa falta de autoconhecimento acaba gerando um ciclo ansioso, perverso e que resulta em patologias, muitas delas ligadas à saúde mental e doenças “do trabalho”.

Por vezes não conseguimos nomear os sentimentos que nos sufocam pela falta de autoconhecimento; do entendimento do que está acontecendo dentro de nós. O desenvolvimento pessoal a partir do autoconhecimento é isso. É reunir as peças soltas de uma história e montar um quebra-cabeça e, quando você tem todas as peças encaixadas, é possível ver com clareza quem você realmente é, o que te move, o que te limita, o que te assusta e, principalmente, é ter a chave para esse entendimento de quem realmente somos, na essência, e conseguir nos equilibrar, sem desabar com os altos e baixos naturais da vida.

A partir dessas reflexões, vale muito abordarmos o peso que o amor-próprio traz para nossas vidas em todos os aspectos. Quando não o temos, este sentimento faz com que as pessoas sintam que não são capazes de lidar com os revezes da vida. Traz a sensação de incapacidade para superar as dificuldades e vencer os obstáculos. Ao se autoconhecer, esse sentimento começa a mudar, dando lugar a compaixão, ao autoamor que nos dá liberdade e a confiança de viver o bem e o mal, o triste e o feliz, com a certeza de que tudo passa e é preciso seguir adiante.

No trabalho, esse sentimento de se autoconhecer promove uma revolução nas relações, pois permite que as pessoas saibam para quê estão ali, o que as motiva, evitando com isso a sensação de frustração que leva ao fracasso, diminui a produtividade e adoece. Trabalhar sem a real motivação gera uma confusão grande para quem lidera e para quem é liderado, portanto, autoconhecer-se para imputar um propósito ao trabalho é fundamental em ambientes corporativos cada vez mais tóxicos e intolerantes.

Costumo dizer que é um trabalho de muitas mãos; os colaboradores investem continuamente em se entender enquanto indivíduos, reconhecendo-se e dando sentido ao que desenvolvem dia a dia em suas posições nas empresas, enquanto os líderes, por sua vez, devem se preparar para saber como liderar de forma a construir conexões pessoais com sua equipe, sem abrir mão também de si mesmos. E como fazer isso? É preciso criar ambientes leves, acolhedores em que haja comunicação aberta para entender as situações que deram certo, as que deram errado, como mudar e melhorar juntos. O ambiente de trabalho deve proporcionar esta base, essa segurança emocional para os trabalhadores; o que o mercado chama hoje de Felicidade Corporativa.

Os líderes não estão sozinhos e podem contar hoje com muitas ferramentas de autoconhecimento, mentorias e processos de desenvolvimento contínuos de crescimento de promoção de um ambiente saudável junto a suas equipes. É preciso refletir que toda crítica, cobrança e exigência por resultados no trabalho não podem perder o limite do razoável e possível, pois quando isso acontece, perde-se a humanidade, a linha tênue entre o que precisa ser ponderado, corrigido e o que está passando dos limites a ponto de impactar diretamente e negativamente nas emoções dos colaboradores.

Veja, é importante ressaltar que não existem vítimas. Nem o colaborador, nem o líder os são; todos são protagonistas e autorresponsáveis pelo sucesso ou insucesso na realização de uma meta ou no sucesso dos resultados de uma companhia. Em um ambiente em que todos sabem do seu papel; em que existe um exercício de comunicação claro, em que se prioriza a decisão de colocar sobre a mesa acertos, erros, novos caminhos e reconhecimento do valor de cada um dentro daquele ecossistema leve e propositivo; tudo conspira para o bem. A empresa segue seu caminho de prosperar, o colaborador cresce e se desenvolve de maneira plena. Costumo dizer que todos nós; líderes e liderados não somos máquinas, é preciso ter a sensibilidade em entender isso e trabalhar em uma relação saudável dentro das companhias; é preciso compreender as dores de cada um, apoiar e oferecer as condições para que as pessoas se organizem e sigam realizadas e saudáveis no ambiente de trabalho.

Tudo o que queremos são empresas e pessoas felizes; sem um abismo entre esses dois universos. O local de trabalho é, por muitas vezes, o ambiente onde encontramos grandes amigos e relações que levamos para a vida pessoal. Este ‘lugar’ muito importante precisa ser tratado com todo o cuidado e equilíbrio necessários, pois é nele – não podemos nos esquecer disso – que também encontramos boa parte do motivo e dos caminhos que nos proporcionam nossas realizações na vida. Então, juntos, sim, é possível construir esta belíssima realidade; trabalho com felicidade, harmonia e saúde mental e física!